terça-feira, 27 de julho de 2010

Desejo que a noite chegue



Ando sozinha pela noite, desejando que as pessoas não comecem a se levantar...
Na luz do dia sou obrigada a percorrer caminhos desconhecidos e me deparo com aquelas pessoas que eu receava encontrar...
Há rostos familiares, mas estas almas que eu não reconheço e nem o mistério do olhar consigo decifrar...
Tão perto e tão distantes, olhares anestesiados, racionais por demais, feitas de tijolos, muro que não consigo ultrapassar...
Como um pedaço de espelho quebrado, vejo nitidamente várias imagens.
Tenho várias faces.
Sou como os outros?
Estou me perdendo e não mais me reconheço.
Acredito em mentiras que sei que não são verdades.
Engano pessoas e me engano.

Quero que o mundo se exploda! 

Mas, tomada por uma sanidade egoísta, lembro-me que estou nele e volto atrás do meu desejo.
Desejo não mais desejar.
Meu corpo já cansado, quer apagar este dia da minha memória 
e em meio ao desespero me pergunto onde estou, quem sou, para onde estou indo.
Uma alegria, uma decepção, uma tristeza... qualquer coisa! 
Preciso sentir qualquer emoção para que eu possa me resgatar,
para que eu me dê conta que não sou um deles,
para que eu me sinta viva...
A noite chega, volto correndo para me refugiar em meu mundo, 
percorrer errante e sozinha, mas segura.
Agora, o escuro que antes eu tinha medo, é o meu melhor amigo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário